sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Capítulo 30 - Never Let Me Go


Genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee, valeu pelos dez comentários!! *-* Tomara que esse número continue crescendo! Isso me deixou tão animada! Bom, eu deveria estar estudando agora, mas eu não me aguentei kkkkkkk Nem eu estava mais aguentando a demora! Eu estava atolada de trabalhos e agora estou em época de provas, então isso explica um pouco o meu sumiço no blog nos últimos dias...
Ah! Eu já postei o primeiro capítulo da segunda temporada lá no meu outro blog! Eu estou escrevendo essa nova temporada com a Lívia, e acho que está ficando bem legal. Eu que acho o começo um pouco calmo demais rs, mas vai ficando melhor conforme a história vai desenrolando. Deem uma passadinha lá! 
Espero que gostem desse novo capítulo. Eu coloquei essa música como trilha sonora porque eu acho a Florence uma diva e sempre quis colocar essa música maravilhosa aqui, então aproveitem! =D
Boa leitura
Beijos!



Never let me go – Florence + the machine


“Looking up from underneath


Fractured moonlight on the sea


Reflections still look the same to me


As before I went under




And it's peaceful in the deep


Cathedral where you cannot breathe


No need to pray, no need to speak


Now I am under all




And it's breaking over me


A thousand miles onto the sea bed


I found the place to rest my head




Never let me go, never let me go


Never let me go, never let me go




And the arms of the ocean are carrying me


And all this devotion was rushing over me


And the crushes of heaven, for a sinner like me


But the arms of the ocean delivered me




Though the pressure's hard to take


It's the only way I can escape


It seems a heavy choice to make


But now I am under all




And it's breaking over me


A thousand miles onto the sea bed


I found the place to rest my head




Never let me go, never let me go


Never let me go, never let me go




And the arms of the ocean are carrying me


And all this devotion was rushing over me


And the crushes of heaven, for a sinner like me


But the arms of the ocean delivered me




And it's over


And I'm goin' under


But I'm not givin' up


I'm just givin' in




Oh, slipping underneath


Oh, so cold but so sweet




In the arms of the ocean, so sweet and so cold


And all this devotion, well, I never knew it all


And the crushes of heaven, for a sinner released


But the arms of the ocean delivered me”










Nicholas Narrando


           


            Fiquei um pouco preocupado com o que o Joe queria dizer sobre conversar a sós. Pelo tom da sua voz, aquilo também se tratava da Miley. Logo depois de tê-la deixado em casa, eu não mais consegui segurar a minha curiosidade e perguntei:


            - O que você tanto queria conversar comigo? – eu quebrei o silêncio, sem querer mais esperar. – É alguma coisa grave?


            - Eu preferia falar com você lá em casa, mas pensando bem, lá não teríamos garantia de que ninguém irá ouvir. Então eu vou falar logo, mesmo. – disse direcionando o olhar para mim brevemente antes de voltar para a direção.  - O xerife Holmes foi morto aqui em Los Angeles. Enquanto vocês estavam na estrada, o nosso pai recebeu a notícia.


            -Eu sei que isso é um assunto sério, mas por que você não quis que a Miley ouvisse? – eu perguntei.


            -Porque eu desconfio que tenha um dedo dela nisso. – meu irmão disse enquanto estacionava o carro para prestar atenção em mim. – O dedo, não. Os braços inteiros.


            Eu já sabia disso, é claro. Mas eu não quero que o Joe se meta mais do que já se meteu. Não quero dizer que esteja errado, mas não quero que a Miley seja prejudicada. Eu deveria me sentir culpado por isso, mas não sentia. Eu estava disposto a dar mais uma chance a ela de começar do zero tudo de novo.


            -Isso é loucura, Joe! O xerife não tem nada haver com o golpe dela.


            - Isso faz sentido, sim! O xerife era um policial. Você nunca pensou que ela poderia ter alguma pendência com ele e sabia que ele era próximo da família? Miley é uma criminosa. Talvez ele já a conhecia.


            -Justamente por isso. Ele é um policial. Já imaginou quantos outros criminosos moram em LA? Talvez até aqueles caras que me sequestraram fizeram isso para não atrapalhar o sequestro e não sobrar para eles, sei lá. A Miley e o Steve estão focados no dinheiro agora. Nenhum deles faria uma loucura dessas a essa altura do campeonato. – eu respondi como se fosse óbvio.


            -Nicholas, acorda! – Joe aumentou o tom de voz levantando as mãos. – Imagina se nós pudermos entregá-los para a polícia os acusando de assassinato?! Eles seriam presos e descobertos por outros crimes e nós nos livraríamos desse inferno. Só precisamos de provas. – ele disse entusiasmado. – Com você entre eles, vai ser muito mais fácil. E se não for verdade, dane-se. Incrimine aquela quadrilha de qualquer jeito!


            - Joe, você não sabe do que eles são capazes de fazer. Se eles descobrissem que nós estamos planejando incriminá-los, nós estaríamos fritos. – eu avisei. Persuadir Joe é sempre muito difícil. Se eu contasse que a Miley desistiu por mim, aposto que ele faria um escândalo e falaria que eu estou sendo enganado de novo. Além de ser bem capaz de piorar a situação.


            -Eles vão nos foder de mesmo jeito! Ou você acha que vão nos deixar em paz? Somos testemunhas. Temos oitenta por cento de chances de morrer. Não temos muita coisa a perder.


            O pior de tudo é que os argumentos dele fazem muito sentido, se eu realmente estivesse contra a Miley. Não duvido que esse plano desse certo. Isso me tirou do sério.


            -CHEGA! – eu gritei. – Eu não quero saber mais desse seu plano doido. Eu não vou te ajudar nisso. E sou capaz de impedi-lo se você tentar. Não quero jogar vinte por cento de chances de sobreviver no lixo, ok? Agora dá partida de uma vez. Eu quero ir para casa logo.


            Ao contrário às minhas expectativas de me contrariar, Joe ligou o carro novamente com uma expressão de decepção.


            - Eu sei que você não vai participar disso só porque você não quer ver a Miley na cadeia. Você ainda ama aquela vadia, não é? – ele disse em um tom de voz frio, mas seu rosto estampava a decepção e a raiva.


            -Eu não sei. Talvez seja isso mesmo. – eu murmurei baixo antes que o carro desconfortavelmente seja tomado pelo silêncio.


 Como eu queria continuar naquele hotel com ela. Naquele mundinho que criamos para esquecer totalmente os problemas daqui. A realidade de Los Angeles mal voltou a minha rotina e já começou a me esmagar de tensão. Espero ansioso para que isso acabe de uma vez, de algum jeito, para que eu possa ficar com a Miley sem nenhuma preocupação.


Miley Narrando


-Você pode me explicar como é que você conseguiu destruir o meu carro?! – O meu tio berrou e eu revirei os olhos. Pronto, começou.


-Um “Nossa, Miley, eu fiquei muito preocupado com você. Está tudo bem?” também seria uma boa, sabe? – eu respondi irônica. Não estava com paciência para encará-lo agora. Eu só quero tomar um banho, trocar de roupa e descansar.


Chad desceu as escadas, curioso com o que estava acontecendo aqui, no andar de baixo. Digamos que o tom de voz do meu tio não é nada bom.


-Você só conseguiu fazer merda depois de merda. E tudo por causa daquele Nicholas! – meu tio continuou o seu discurso. - Eu quero saber quando é que você vai levar esse golpe a sério, pelo menos uma vez.


-Talvez eu nunca leve a sério. A resposta está boa para você? – eu rebati. – E nem vem reclamando, não. Porque eu não fui atrás dele no meio daquela estrada só para passear, não, tá? Olha só, discutir comigo não vai trazer o seu carro de volta. Chega com essa palhaçada. – eu falei andando em direção as escadas. – Eu vou descansar.


-Mais tarde eu quero que você desça para conversar sobre o golpe. Precisamos agir logo, já que perdemos totalmente o foco depois que o Nicholas foi sequestrado. – ele disse carregando desprezo na voz ao pronunciar o nome do Nick.


-Tá, tá. Depois eu vejo isso. – respondi de qualquer jeito, tentando me livrar do meu tio. Terminei de subir as escadas e o Chad subiu de volta atrás de mim.


-Foi muito estranho saber que você sofreu um acidente de carro. Você sempre foi sempre muito boa na direção. Aquele cara é tão irritante ao ponto de te fazer cair no lago? – ele perguntou cruzando os braços. Ao contrário do Steve, Chad não parecia bravo, e sim curioso. Ele carregava um sorrisinho de divertimento no rosto. 


-Com toda a certeza. – respondi, soltando uma breve risada ao lembrar o quanto que ele me chateava durante a viagem.


-Apesar de ter sido quase um suicídio você ter ido para aquele lugar sozinha, foi até impressionante como você conseguiu o queria. – ele disse. – Tinham muitos caras por lá?


-No começo tinha um grupo pequeno, que foi bastante fácil de lidar. Um pouco depois vieram mais caras e por pouco não conseguimos dar o fora. – eu contei mais animada ao lembrar a nossa aventura juntos. – E se você visse como o Nick atirava, você ficaria pasmo.


-Calma aí, você deixou o Nicholas usar uma arma? – Chad perguntou surpreso, arregalando os seus olhos verdes. – Ok, agora eu posso acreditar que você é suicida pra valer!


Abri a porta do meu quarto, e o chamei com um gesto de mão para entrar junto comigo. Se continuássemos no corredor, Steve ouviria e se meteria na conversa. E a minha paciência com ele já está no limite.


-Era preciso. Se eu tivesse me virando sozinha na hora de fugir, já teríamos morrido há muito tempo. Aliás, eu nem cheguei a pensar na possibilidade dele atirar em mim. – eu disse refletindo sobre isso. Nós estávamos tão levados pelo momento, que eu nem tinha parado para pensar nisso. Agora, com toda a certeza, eu sei que não havia chance nenhuma disso acontecer.


Continuamos a conversar durante um tempo. Eu contei sobre o que passamos, tendo o cuidado de não contar nada relacionado ao meu romance com o Nick. Uma hora o Chad também teria que saber, mas eu não achei que agora seja um bom momento para falar isso para ele.  Eu ainda não me preparei para encarar as reações de todos depois de ser revelado que eu não quero mais saber de golpe nenhum por causa do Nick. Isso é tão novo para mim, tão inacreditável, que eu ainda não me adaptei às minhas novas escolhas. Eu costumo ser um pouco imediatista, mas dessa vez, eu achei melhor ir aos poucos. O grande choque da novidade é impactante até mesmo para mim.


Três dias depois...


Peguei um taxi até a casa dos Jonas para me encontrar com o Nick. Ele me mandou uma mensagem numa rede social, já que não temos nossos celulares graças ao acidente, falando para me aprontar e encontrar com ele hoje à tarde. Eu respondi que era melhor ir até a casa dele do que ele vier me buscar, para o Steve não desconfiar. De acordo com ele, hoje teria um encontro com os seus amigos para uma partida de baseball e seria uma boa para nos distrair.


Eu ri comigo mesma. É a primeira vez que eu vou sair com os amigos dele como namorada. Quer dizer, para nós dois só agora que é oficial. Isso é um pouco esquisito, porque me sinto como uma garota inexperiente que vai ao primeiro encontro com um cara. Por mais que eu tenha tido alguns lances por aí, ele é o primeiro cara por quem eu me apaixono de verdade. Pela primeira vez, eu tenho um relacionamento sério com alguém. Eu confesso que no fundo isso me deixa um pouco nervosa porque eu odeio me sentir como uma garotinha sensível e inexperiente, mas ao mesmo tempo fico entusiasmada. Tudo é novo, tudo é mais intenso. Mas cá entre nós, tomara que eu não me torne uma daquelas namoradas babonas que usam camisas escritas “I love my boyfriend”. Por favor, não quero chegar a esse ponto!


Eu apertei a campainha apenas uma vez. Como sempre, o eficiente John atendeu a porta antes mesmo de eu tocar mais uma vez. Ele me cumprimentou, e eu cumprimentei de volta simpaticamente. De acordo com ele, Nick estava no seu quarto a minha espera. Então eu subi até lá. Pelo trajeto que fiz até o seu quarto, eu não encontrei ninguém além de empregados. Menos mal. Eu não estava com muito calma para ter que aturar o Joe e muito menos para ter que encarar Paul com aquele seu sorrisinho falso e sínico.


Abri a porta, sem nem mesmo me importar em batê-la. Nick estava sentado no seu pufe, dedilhando a sua guitarra distraidamente, até eu adentrar o seu quarto. Imediatamente, um sorriso encantador estampou o seu rosto.


-A senhorita já ouviu falar em bater portas? – ele perguntou bem humorado, enquanto levantava e colocava a guitarra de volta no lugar.


-Não. Por quê? Se assustou com a minha chegada, é? – eu disse me aproximando. Joguei minha bolsa sobre a sua cama e apoiei meus braços sobre os seus ombros, enquanto ele apoiava suas mãos sobre a minha cintura.


-Um pouco. Pensei que fosse um criminoso desses, sabe? Um assassino querendo me matar ou um ladrão... – ele respondeu com uma cara sem vergonha.


-Talvez eu seja, mesmo. – eu disse e nós rimos juntos.


-Você está linda. – ele comentou baixinho.


-É só uma roupa casual. – encostei minha testa na sua, me perdendo nas combinações sem fim de tons de castanho dos seus olhos.


-Mas você continua linda. – Nick insistiu. Eu já deveria estar acostumada com elogios como esse, mas vindo dele e com tanta apreciação, eu com toda a certeza nunca conseguiria me acostumar.


O seu perfume marcante, cítrico e levemente amadeirado, fez questão de me fazer respirar fundo mais uma vez para sentir esse cheiro tão bom. Eu fechei os olhos e nós juntamos nossas bocas em um beijo. Não pudemos demorar muito. Tínhamos que considerar a possibilidade de o Joe nos ver.


Até invocando esse cara pelo pensamento, ele aparece só para me atormentar. Ouvi seus passos vindos do corredor. Eu empurrei levemente o Nick, para ficarmos numa distancia menos suspeita. Ele logo sacou sobre o que se tratava. Nós fomos descuidados em deixar a porta aberta. Ainda bem que percebi com rapidez.


- O que você está fazendo aqui? – sua voz imponente soou da porta atrás de mim. Eu me virei em sua direção carregando um olhar debochado e desafiador.


-Todos nós sabemos que não é da sua conta. Então eu acho melhor você recolher essas perguntas inúteis que estão na cara que eu não vou responder. – respondi, como sempre, muito delicada.


-Você sabe muito bem para que ela veio, né Joe? – Nick pronunciou com um tom de voz mais desanimado.


O irmão mais velho não falou mais nada. Apenas lançou um olhar raivoso sobre mim e saiu a passos largos e pesados em direção à escada. Tomara que esse aí volte a trabalhar logo em vez de me infernizar.


-Por pouco. – Nick comentou aliviado. – Que tal irmos logo? Você e Joe juntos num mesmo ambiente não dá para suportar.


            -Não sou eu, ok? Culpa do seu irmão.


            -Tá bom. Tanto faz.  – ele riu. – Agora vamos descer?


            -Vamos.


            Peguei minha bolsa, enquanto o Nick se adiantava em já descer as escadas. Como de costume, ele estava uma perdição. Vestia uma camisa xadrez com as mangas dobradas até o um pouco antes dos cotovelos; uma calça jeans escura, quase preta, e um par de Vans azuis marinhos. Ele nunca se importava muito com as suas roupas. Não é o cara mais estiloso do mundo, mas sempre carregava um charme a mais. Talvez nem seja por causa das roupas. Qualquer coisa deve cair bem com aquele corpo. Não apressei muito os meus passos para aproveitar mais um pouco da minha visão privilegiada daquele bumbum durinho e redondo se mexer enquanto Nick descia as escadas. Quando chegou ao primeiro andar, ele virou para trás, procurando por mim. Eu sorri para ele acelerando os meus passos, para alcançá-lo. Mas em poucos segundos o meu sorriso morreu quando os meus olhos alcançaram o resto da sala.


            Ele estava por lá, sentado no luxuoso sofá lendo alguma matéria sobre Bolsa de Valores no seu jornal, provavelmente. Eu tinha esquecido completamente que o Paul também morava nessa casa, infelizmente. Só porque eu amo o Nick e porque eu não quero mais fazer golpe nenhum, não quer dizer que eu tenha esquecido os motivos para que eu me meti em tanta confusão. Paul notou a minha presença e abriu um sorrisinho sínico e me cumprimentou com um aceno de cabeça.


            - Boa tarde, Miley. Aproveitou bem a viagem com o Nick? – ele perguntou educadamente. Como era falso!


            -Sim. – foi tudo o que eu consegui responder. Eu até tentei me esforçar em sorrir de volta, mas eu não consegui. Se não havia nem mais o golpe como motivo para ganhar sua simpatia, para que eu teria que forçar a barra desse jeito? Acho que Paul percebeu que eu não estava confortável para conversas e não deu continuação ao pequeno diálogo. Era impressionante como só de olhar para aquele homem, o meu coração se apertava de rancor.


            Senti os dedos de Nick entrelaçar os meus, me passando conforto. Eu voltei meu olhar para ele. Seus olhos me transmitiam a preocupação que sentia. Tive que suspirar, rendida. O meu ódio havia ressuscitado intenso quando reencontrei com o Paul agora. Como um rápido flashback, tudo o que ele tinha feito me veio à memória. Confesso que me deu vontade de dar continuidade a tudo que eu tinha começado. Até o Nicholas fazer esse gesto, me lembrando de exatamente o porquê de que eu abri mão dessa vingança.


            -Nós vamos sair. Não temos hora para voltar. – Nick disse de modo imparcial para o pai.


            -Tudo bem. Juízo! – ele disse já entretido novamente com o seu jornal.


Em silêncio, caminhamos até a garagem, onde os dois carros do Nick estavam guardados. Não havia ninguém por lá, então o meu namorado quebrou a quietude entre nós.


            -Você está inquieta. Quer falar alguma coisa sobre isso? – ele perguntou cruzando os braços. Seus olhos me fitavam com intensidade.


            Na verdade, eu quero. Acho que na nossa situação, eu deveria deixar as coisas bem claras para ele. Eu soltei o ar com força e falei:


            -Só porque eu te disse que desisti do golpe por você, não quer dizer que eu tenha me tornado uma boa pessoa. Eu fiz tantas coisas erradas, Nick... – eu balancei a cabeça enquanto eu falava. – Elas não podem mais ser desfeitas. Em alguns casos, eu tenho que admitir, que eu nem me arrependi. – lembrei-me do caso do xerife Holmes. Provavelmente, ele vai entender sobre o que eu queria dizer. Eu levantei meu olhar, que antes estava distante, para de volta ao Nick. – Eu só não quero que você tenha um idealismo de uma pessoa boa e perfeita para depois ter um terrível arrependimento. Eu te amo muito, mas eu não sou perfeita. Nunca vou ser.


            - Eu sempre soube disso, Miles. – ele respondeu sério. – Eu também não sou perfeito. Ninguém é. O resto da minha família então... – eu soltei uma pequena risada.  – Miley eu amei você até mesmo quando você me esnobava e me humilhava. Você acha que eu vou me arrepender de ficar com você logo agora?


            -Não é isso que eu quero dizer. Eu estou me referindo à outra coisa.


            -Eu sei o que você quis dizer. Eu não tenho nenhuma falsa ilusão sobre você. Eu gosto de você do jeito que é. Mas a parte da decepção, só depende dos seus atos, não só sobre o que eu espero de você. – ele tinha razão. Se ele me aceita do jeito que sou, só eu que seria responsável de dar motivos de decepcioná-lo.


            -Você está certo. – eu disse mais aliviada e suspirei, jogando esse ar melancólico para fora. – Agora vamos esquecer essa conversa dramática porque a gente tem uma partida de baseball para ir! – eu falei e Nick abriu um sorriso, tão animado como eu.


            -É assim que se fala! – ele disse me dando um beijo rápido nos lábios.


            Nick escolheu o seu carro vermelho e deu partida ao caminho do encontro. A partida de baseball na verdade, era num clube muito conhecido em Los Angeles, principalmente pelos jovens.


            Chegando lá, Nicholas estacionou o carro no estacionamento. Até mesmo dali, dava para perceber que o clube era bem grande. Ele tirou da mala o seu taco e o boné do seu time favorito, que logo foi colocado em sua cabeça virado ao contrário.


            Fomos para o campo de baseball. Ouvia-se de lá um rádio alto tocando os hits do momento. Tinha um grupo de jovens sentados na arquibancada conversando animadamente e outros apenas se aquecendo para a partida, arremessando a bola para o outro. Entre eles estava o Brian, o melhor amigo do Nick, que percebeu rapidamente a nossa chegada. Ele abriu um sorriso e veio até nós. Eu soltei uma risada quando o Brian cumprimentou o seu amigo de um jeito engraçado, como se fosse um cumprimento só deles. Já ouvi falar que eles são grudados desde pequenos. Mesmo sendo bastante amigo do Brian, Nick preferiu não abrir o jogo para ele sobre o que estava acontecendo. Ele achava que não seria bom envolver Brian numa situação tão complicada. E eu concordo. Quanto menos pessoas envolvidas, melhor. Já basta o Joe que me odeia mais do que tudo, não quero que o seu melhor amigo se revolte contra mim, também. Acordei para a realidade quando o moreno de olhos verdes me deu um abraço.


            -Então, eu estou sabendo que vocês fugiram de casa por um tempo, é verdade? – ele perguntou cruzando os braços.


            -Nossa, a notícia chega rápido, hein! – eu comentei. – Mas não fugimos exatamente.


            -Nós apenas fomos viajar um pouco. Sempre quis botar o pé na estrada uma vez e nunca tive a chance. Então eu e Miles apenas passeamos um pouco por aí. – Nick deu continuação. – Agora essa ideia de fugir de casa, eu não faço ideia de onde o pessoal tirou isso.


            -Acho que foi por causa do seu irmão. – Brian tentou explicar. – Alguns de nós sabíamos que você não estava se dando muito bem com o seu pai ultimamente e pensamos que você tinha fugido.


            -Não, não é nada disso. – Nick respondeu.


            -Então vocês foram sozinhos, né? – ele perguntou com um sorrisinho malicioso. – Já até imagino como foi essa tal viagem.


            -Brian! – eu chamei sua atenção, tentando não rir.


            Nick não se conteve e riu. – Não me diga que essa notícia também se espalhou? – brincou.


            -Não, é só lógica. – Brian deu de ombros. – Mas me disseram que o Sr. Cyrus ficou uma fera com você. – disse ele, se referindo a mim. – E disseram também que vocês sofreram um acidente de carro, mas eu não acreditei.


            Ok... Acho que devemos ter mais cuidado com a rapidez que essas notícias se espalham.


            - Hum... Nós sofremos um acidente, mesmo. Mas não nos ferimos. Só o carro do meu pai que caiu no lago, e por causa disso ele está irado comigo. – eu me expliquei. Bom, do jeito que as pessoas estão sabendo, não faria mal confirmar mesmo.  Não acho que vá comprometer alguma coisa sobre o nosso segredo.


            -Nossa, que roubada, hein!


            -Não se preocupe, daqui a pouco ele esquece! Aposto que ele deve ter feito coisas bem piores quando mais novo. – eu falei e o Brian concordou comigo com um sorriso e um aceno de cabeça.




Steve Narrando




            Eu estranhei a ausência da Miley logo no horário de almoço. O que essa garota deve estar aprontando agora? Só espero que ela esteja com os Jonas para conseguir se resolver logo. Não aguento mais esperar por esse golpe. Nunca fomos tão cautelosos quanto estamos sendo em relação à agora, mas com razão. Estamos na terra dos malditos agentes secretos que descobrem tudo. Além do mais, quanto mais poderosa for a vítima, mais investigações e mais barreiras terão para nós. Mas não quero mais esperar. Quero ver a cara daquele infeliz do Paul quando descobrir quem realmente somos e que conseguimos tomar o que tudo o que era para ser nosso.


            Falando nele, uma notícia sobre a sua empresa acabou de passar na televisão. Segundo especialistas, o seu negócio está crescendo cada vez mais e está previsto que ano que vem, os seus lucros serão o dobro. É Jonas... É melhor aproveitar o seu pouco tempo de glória, porque logo logo você pagará pelo que fez. E garanto que pagará muito caro por isso.


            Acordei com o meu diálogo imaginário, quando o Chad adentrou a casa. A Miley não estava com ele.


            -Chad, você sabe para onde a Miley foi? Ela tem uma péssima mania de sair para resolver as coisas e não me avisa nada. – eu disse curioso.


            -Ela saiu logo depois do almoço. Acho que ela foi para a casa dos Jonas, mas não tenho ideia do que ela foi fazer lá. – ele respondeu despreocupado. Menos mal, pelo menos eu sei que ela não foi se meter em encrenca. Pelo menos, espero que não.


            - Pelo menos ela está onde deve, vigiando o inimigo de perto. – eu falei me acomodando mais no sofá.


            - Steve, você percebeu que o Nicholas não está mais tão “inimigo” assim? – ele comentou se sentando ao meu lado. Como assim?


            -Não, eu nem estou entendendo o que você quis dizer. – eu respondi confuso.


            -Bom, ele não está mais tão relutante em estar com a Miley por perto. Acho que ele está aceitando mais o golpe. – eu franzi o cenho ao ouvir tal observação.


            -Será? – desconfiei.


            -Só pode ser! Ele vive brigado com o pai. Acho que ele está mais conformado agora. – não... Nada é tão perfeito assim.


            -Bom, eu acho isso muito pouco provável. Ele não é do tipo que participaria de um crime numa boa. Será que esse cara ainda gosta da Miley? – eu disse. Sempre desconfiei daqueles olhares dele sobre a minha sobrinha.


            Chad deu de ombros. – Eu não faço ideia. Mas eu vou te contar uma coisa e espero que não fique irritado. – lá vem! – Eu contei a verdade para ele naquele dia da morte do xerife. – ele falou rápido, hesitante com a minha reação.


            -Como é que é?! – eu berrei desacreditado. – Como você fala uma coisa dessas para um Jonas? Um Jonas! Você enlouqueceu? Se a Miley descobrir sobre isso, ela nunca mais vai te perdoar!


            -Ele estava enchendo a paciência de todo mundo, inclusive dela. E aliás, eu acho que ele deveria mesmo saber de tudo para saber que o pai dele não é a vítima dessa história, não. Por isso que eu acho que o Nicholas está mais “aliado” de nós. – ele se explicou convicto. Será que esse doido não tem noção da merda que fez?!


            -Claro que não! Talvez até ele esteja com raiva do Paul, mas isso não quer dizer que ele vá se aliar a nós. Imagina quando esse cara cismar de jogar tudo na cara da Miley? Nós dois sabemos como isso ainda a atinge. Fala sério! Ele pode até parecer bonzinho, mas ele nunca vai querer abrir mão daquele dinheiro todo só por causa do passado podre do pai. – eu levantei do sofá, agitado.


            Droga! Agora que ele sabe de tudo, eu tenho que adiantar esse golpe o mais rápido possível. Se aquele animal do Nicholas contar tudo para o pai no calor do momento, o nosso plano irá descer pelo ralo abaixo. Mas eu tenho que ter cuidado. A Miley não pode saber disso de jeito nenhum! O segredo só será finalmente revelado quando o nosso golpe chegar ao fim, quando ela quiser.




            Miley Narrando




            -É para acertar a bolinha com o taco, ok? – Nick me provocou em tom debochado. Ouvi alguns dos seus amigos que estava em seu time rirem.


            -Eu só não vou acertar na sua cara, porque você é bonito demais para isso. – eu respondi semicerrando os olhos.


-Tá bom, amorzinho. Eu vou até jogar fraquinho para você conseguir pelo menos encostar. Aí você não fica tristinha, né? – ele piscou o olho para mim com um sorrisinho torto. Eu mandei um dedo do meio para ele, que em resposta riu.


Eu me posicionei pronta para deixar o meu namorado no chinelo. Ele fez o mesmo antes de arremessar a bola para mim. A pequena bola voou para a minha direção com rapidez, e com toda a minha força eu a rebati com o taco para bem longe. Não perdi tempo. Larguei o pesado taco no chão e me apressei em correr. Isso é para o Nick parar de ficar se achando, falando que eu não conseguiria vencê-lo.


            Nem prestei atenção para onde a bolinha voou, mas pelo que eu saiba ainda não buscaram. Continuei correndo ao redor do campo, até voltar para onde eu parti. Eu estava ofegante, mas não muito desconfortável, pois eu já estava acostumada a correr quando eu me metia em roubadas, mas isso não era necessário ser lembrado agora.


            O pessoal do meu time comemorou. Eu tinha chegado a tempo e todo o time do Nicholas estava com uma cara de taxo. Eu andei confiante até o Nick com um sorriso vitorioso no rosto.


            -Se engasgou com a poeira, amorzinho? – eu usei o mesmo apelido quando ele tirou sarro de mim e ouvi o resto do meu time vibrar com a minha provocação.


            -O jogo ainda não terminou. É melhor não comemorar agora, não. – ele respondeu se aproximando de mim e me deu um beijo. – E se você continuar com aquele bumbum empinado toda vez que for rebater, eu não vou conseguir me concentrar até o final. – ele sussurrou, com o rosto quase colado com o meu. – Isso é covardia.


            -Esse é o objetivo. – eu sussurrei de volta. – E vê se não baba, tá? – eu soltei uma baixa risada junto com ele.


            -Vou tentar. – ele disse fingindo limpar o seu queixo.


            Horas depois...


            As ondas batiam na costa com suavidade, provocando uma melodia relaxante aos meus ouvidos. Já tinha anoitecido há um bom tempo. A brisa carregada de maresia era fraca, mas o suficiente para refrescar. Eu e Nick viemos para cá para conversar e passar o tempo. Vai chegar um momento que Steve e Joe vão ter que saber sobre nós. E com toda a certeza eles não só reagiriam mal como farão de tudo para nos impedir. Então nós temos passado o máximo de tempo juntos que pudemos. Sem ninguém saber, é claro. Nicholas não chegou admitir isso, mas no fundo nós sabemos que vai ser uma grande dificuldade que teremos que passar se quisermos continuar juntos.


            -Eu sempre quis ter uma casa na praia. – comentou Nick imerso em seus pensamentos. Ele estava deitado na areia e a sua cabeça estava apoiada em meu colo, enquanto eu brincava com os seus cachos macios. – Acho que é o melhor lugar para se viver. Sei lá, eu sempre tive um fascínio por praias, elas me relaxam.


            -Dá para perceber o quanto você gosta. – eu disse baixando a cabeça, olhando para sua direção. – Sem dúvida um dia você vai ter. – nós já estávamos conversando há muito tempo sobre qualquer tipo de assunto. Nenhum de nós estava com vontade de voltar para casa.


            -Com o meu próprio dinheiro. – ele completou firme. – Não quero ter que depender do dinheiro do meu pai pelo resto da vida.


            - Eu não estava falando sobre o dinheiro do Paul. Eu sei o quanto você quer ser independente. – eu respondi. – Você é um cara dedicado. Vai conseguir um emprego fora da empresa Jonas.


            -Tomara. – ele disse olhando para mim. A luz da lua refletia em seus olhos escuros. – E você?


            -Eu o que? – fui pega de surpresa com a sua pergunta.


            -Como você se imagina no futuro? – ele perguntou curioso, se sentando e ficando na altura do meu rosto.


            O que eu poderia responder? Passei tantos anos me dedicando ao mundo dos golpes que nem tinha parado para pensar o que eu faria no futuro. Não tinha certeza nem se sobreviveria poucos dias e a qualquer momento eu poderia ser presa. Então como que eu me imaginaria num futuro idealizado?


            -Eu não faço ideia. – eu balancei a cabeça. – Eu só quero ficar com você e me livrar desse peso do passado sobre os meus ombros.


            Ele apoiou a sua mão do outro lado do meu corpo, se aproximando cada vez de mim. O meu coração pulou em meu peito. Seus olhos enfrentando os meus, me encarando com intensidade.


            -A gente vai continuar juntos. Eu faria qualquer loucura para ficar com você. – ele disse quase roçando os seus lábios nos meus.


            Suspirei, imersa demais numa sensação tão boa quanto agora. Eu realmente não sei o que será de nós dois daqui para frente, mas me agarrar nas promessas de Nick para um final esperançoso é a melhor alternativa. Com uma das mãos, eu o puxei pela nuca e fechei os olhos, esperando sentir seus lábios nos meus tão sedentos. Minha língua foi ao encontro da sua, para experimentar novamente o gosto da sua boca.




Chad Narrando




            Acabei de trocar de roupa para finalmente tentar dormir. Eu estava tão entretido vendo um filme após o outro, que eu nem tinha percebido o tempo passar. Já era de madrugada e até agora a Miley não chegou. Steve já estava dormindo. Segundo ele, tinha que resolver algumas coisas na cidade logo pela manhã. Eu tinha terminado agora mesmo de tomar banho e não tinha percebido nenhuma movimentação pela casa, para pelo menos eu saber que a Miley estava de volta. Eu só espero que não esteja aprontando por aí. Steve já está nervoso o suficiente com ela depois daquele resgate do Nicholas.


            Apaguei a luz e me joguei na cama, tentando relaxar, mas logo eu ouvi do lado de fora o ronco baixo de motor. Levantei da cama na mesma hora e fui até a janela para espiar quem estava em frente à casa. Era um dos carros do Nicholas. Estranho. O que ele está fazendo aqui em frente há essa hora?


            Então, eu avistei duas pessoas saltando do carro. O motorista era mesmo o Jonas. A sua companhia que tinha acabo de sair do automóvel era a Miley. Então ela estava esse tempo todo com o Nick? Eles conversavam alguma coisa que não conseguia escutar, pois falavam muito baixo. Acho que justamente para ninguém da casa ouvir. Eu não acreditei muito no que tinha acabado de ver. O Nicholas estava sorrindo abertamente para a Miley, que retribuiu o sorriso. Ele se aproximou cada vez mais dela e apoiou as mãos sobre a sua cintura. Uma aproximação intima e carinhosa. Agora sim eu fiquei inquieto. Não é possível que a Miley vá o deixar ficar com tanta intimidade desse jeito!  E, aliás, por que o Nicholas está desse jeito com ela? Ele não a odiava tanto? Não acredito que ele virou amiguinho dela só porque ela o salvou daqueles caras. E o pior, onde é que a Miley está com a cabeça para dar tanta confiança? E para fechar a noite com chave de ouro e quase me fazer me jogar daquela janela de vez, vi a Miley juntando a sua boca com a dele. Isso mesmo. UM BEIJO! Mas que merda que está acontecendo?!

Acho que alguém não foi muito discreto, né? rs 
Gente, é com muito orgulho ( e alívio)  falar isso para vocês. Estamos perto da reta final! Acho que vão ter uns cinco ou quatro capítulos para terminar a primeira temporada de Thief of Hearts *-* Então, por favor, não deixem de comentar!!! Sério, os comentários de vocês me animam muito para escrever.
Espero que tenham gostado!
Beijos