terça-feira, 12 de maio de 2015

2ª temporada - Capítulo 9: I'm screwed

Miley Narrando
                Uma nuvem de tensão pairou sobre nós naquele momento. Senti minhas mãos gelarem e o meu coração disparar. Aquilo não podia estar acontecendo. Será mesmo que essa pessoa sabe do meu segredo? Até que ponto ela sabe? O que ela seria capaz de fazer com essa informação sobre mim? E se sabe, por que simplesmente não veio falar comigo ou com o Nick para nos ameaçar ou chantagear, em vez de me dopar e nos mandar mensagens anônimas diretamente do meu celular? Eram tantas perguntas que eu não tinha nem mesmo condições de organizá-las na minha cabeça. Independente do que está acontecendo e de quem seja esse ladrão maldito de celulares, eu vou ter que me posicionar e resolver logo esse problema.
                -Ok... Isso foi muito, muito estranho. – Brian disse arregalando os olhos. –Será que essa pessoa sabe de tudo o que aconteceu com vocês?
                -Eu não sei... Mas independente do quanto essa pessoa saiba, já é meio obvio que o mínimo do que ela souber já é demais para nossa segurança. – eu respondi pensativa.
                -O que vocês pretendem fazer? – Joe perguntou curioso.
                -Eu não sei. Por enquanto não podemos fazer nada se não soubermos quem é essa pessoa. – Nick respondeu exatamente o que eu estava pensando. – Miles, tem certeza que você não lembra quem foi a última pessoa que te deu um drinque?
                Eu balancei a cabeça negativamente. Minha lembrança daquela noite estava cheia de espaços vazios, como se eu só conseguisse lembrar fragmentos de alguns momentos. Fiz esforço para vasculhar no meu cérebro o exato momento que bebi antes de apagar, mas nada vinha.  A última lembrança que eu tive foi a discussão que eu tive com a Selena depois que o Joe foi para não sei onde. Mesmo assim, essa memória não estava muito clara na minha mente.
                É claro que poderia ser aquela lambisgóia que roubou meu celular. Ela deve ter aproveitado que estava sozinha comigo e colocou Boa noite Cinderela na minha bebida para que eu apagasse e se vingasse roubando o meu celular pra colocar um terror barato para cima de mim e de Nick. Tudo bem... Eu não tenho certeza e nem tenho provas que seja ela a culpada. Mas fala sério! A garota deveria estar com raiva por não ter conseguido a atenção de Nick depois do showzinho que eu fiz e quis se vingar por não ter o Nick para ela. É apenas uma cogitação, mas as chances são enormes!
                Preferi não falar nada sobre o que eu estava pensando com o Nicholas. Do jeito que ele é besta, seria bem provável que ele achasse loucura e defenderia sua amiguinha sonsa. Depois eu vou arrumar um jeito para conseguir provas. Nem que seja sozinha.
                -Vocês se lembram de alguma coisa estranha que a gente pode considerar como prova? – eu perguntei para os três.
                -Bom, não... Eu estava muito bêbado ontem, então eu não prestei muita atenção no que estava acontecendo ao redor. – Brian deu de ombros.
                -Eu também não me lembro de muita coisa suspeita... – Joe deu de ombros. Eu cerrei os olhos para ele. Alguma coisa no seu comportamento, no seu olhar, me diz que sabe de alguma coisa errada e que está desconfiado de alguma coisa que não quer contar.
                -Bom, amanhã na faculdade eu vou procurar saber com aqueles caras que estavam dando em cima da Miley – ele me encarou com um olhar ciumento. – Para saber se algum deles viu alguma movimentação estranha. Talvez algum deles até tenha visto alguém arrastando a Miley dopada.
                -Boa ideia, Nick. – eu disse enquanto eu não tirava os olhos de Joe. Aquele cara está escondendo alguma coisa que aconteceu ontem de nós.
                Flashback on
Demi Narrando
                Sério mesmo que Leonardo pediu pra eu vim pra cá aturar esses filhinhos de papai chapados só para vigiar a porra do Bruno? O cara é um besta, mas nem tanto! Ele deve saber misturar um sonífero na bebida sem a minha ajuda não é?
                Eu bufei e rolei os olhos. Esse tal de Bruno é um pé no saco! Ele acha que pode mandar em mim. Mal foi contratado pelo Petrova para fazer um favor besta e já acha que está no comando. Pelo que eu soube, esse cara tem que dopar algum inimigo de Leonardo e depois levar para algum lugar específico. O único problema é que o Bruno já se acha o fodão da parada e pensa que está num estúpido filme de ação no qual ele é o protagonista que tem o comando sobre tudo.
 O cara tem boas condições de vida, mas se vendeu por míseros mil e quinhentos euros! O que são mil e quinhentos euros para trabalhar para Leonardo Petrova? Para mim é a mesma coisa que se vender pro diabo por uma migalha de pão. Esse cara não faz ideia com quem está se metendo. Talvez até tenha. Desconfio que ele possa ter algum rabo preso com a máfia em relação a drogas.
Minutos depois, a minha teoria se confirmou quando ele ofereceu alguns pacotinhos suspeitos para os amigos de faculdade em troca de dinheiro. Bom, tomara que ele não misture essas drogas com o sonífero. O resto não é da minha conta.
Os caras bêbados comemoraram barulhentos mais uma vez. A cada segundo que passa, eu perco ainda mais a paciência com esses babacas. O tempo todo estão gritando e comemorando feito um bando de retardados! Mas uma coisa me chamou atenção quando uma moça cheia de álcool na cabeça subiu numa mesa quando uma música do Arctic Monkeys começou a tocar. Ah, então esse é o motivo de todo o alvoroço?
Ela até que é bonita. Tem um corpo magro e curvilíneo, olhos azuis e cabelos longos e castanhos com tons caramelados. Ela não se aguentava de tão bêbada, mas mesmo assim conseguia sensualizar diante dos homens que a encaravam famintos. Ela rebolava e jogava os cabelos. Até tirou a própria blusa. Eu ri comigo mesma. Ela está muito louca!
-Ta vendo essa gostosa? – Bruno apontou para a dançarina chapada. – É ela.
-Ela quem? – eu perguntei confusa.
-É ela quem eu vou ter que dopar. – ele riu com triunfo. –Ela já está tão louca que nem vão desconfiar se me virem a arrastando apagada por aí.
-Como o Leonardo tinha certeza que ela viria? – eu perguntei com curiosidade.
-Ela é namorada de um dos alunos da minha faculdade. Ele é meu colega de turma. – ele deu de ombros. – Geralmente ele está presente nas festas universitárias e ela sempre está junto. Contamos com a sorte de encontrá-los por aqui.
-Você sabe o motivo que o Petrova quer dopá-la? – eu perguntei.
-Não sei... Petrova falou que não é da minha conta quando eu perguntei a ele. Mas acho que é algo muito mais além do que pendência com drogas. Alguma coisa me diz que o buraco é muito mais fundo para essa garota. – ele disse enquanto nós dois assistíamos ela ser tirada de cima da mesa por um cara forte e muito mal humorado.  –Eu desconfio que possa ser alguma coisa em relação ao namorado dela. – ele apontou para o cara que a carregava sobre o ombro enquanto a moça gritava em protesto. Por motivos óbvios, ele não gostou nada do showzinho que a sua parceira deu para o seus colegas de universidade. Ele é tão bonito quanto ela. Tem a pele clara, olhos e cabelos escuros, com alguns cachos dando um charme na sua aparência. Ele tem o corpo musculoso, mas não é muito alto. – O cara é herdeiro de uma empresa bilionária. Os dois são americanos e de acordo com as más línguas, ele se mudou para cá por conta de algum escândalo envolvendo a família dele. Já até ouvi falar em um atentado, envolvendo homicídio e tudo... Por enquanto, não passa de uma lenda urbana.  Ninguém sabe ao certo o que rolou lá em Los Angeles, mas pelo visto, foi alguma coisa muito grave.
-Nossa! – eu exclamei surpresa. –Então a coisa tá feia para o lado desses dois.
-Sim... – ele concordou balançando a cabeça. –Agora, se você não me atrapalhar, -ele me olhou de cima a baixo com ar de superior - eu vou rondar a área. Vou esperar a Miley ficar longe do namorado e finalmente fazer o que tem que ser feito. Eu nem sei o que você está fazendo aqui. Porque eu não vou precisar de ajuda para carregá-la.
-Nisso eu tenho que concordar. Eu também não faço ideia do que estou fazendo nesse lugar com você. Poderia estar fazendo alguma coisa útil em vez de ficar de sua babá.
-Minha babá? – ele apontou para si mesmo com sarcasmo. – Olha só, boneca, você só está aqui para dizer que fez presença para ganhar alguns créditos para sanar a sua dívida com o Leonardo. Eu não preciso de ninguém para me supervisionar.
-Que bom que você acha isso! Lembre-se de falar a mesma coisa para o Petrova quando ele perguntar por mim, porque eu vou dar no pé. – eu disse enquanto pegava a minha cerveja. – Se alguma coisa der errado, você sabe que a culpa vai ser sua. Ciao. – eu comentei antes de ir embora e finalmente deixar aquele imbecil para trás.
Alguns passos depois para longe do bar, ouvi uma voz masculina carrega de um sotaque americano.

-Ei! Você esqueceu uma coisa! – o cara falou atrás de mim e eu me virei para olhá-lo com curiosidade. Ah, está brincando comigo? Era o cara cafajeste e prepotente do outro dia! Ele apertou o passo para me alcançar e carregava um sorriso perfeitamente alinhado e branco, mas carregado de sensualidade.
-O que eu esqueci? – perguntei indiferente, esperando uma resposta besta de uma cantada sem graça.
-Nada. – ele deu de ombros e riu. – Eu só queria falar com você e foi a primeira coisa que me veio a cabeça para chamar sua atenção. Eu poderia responder com um flerte bobo que faria você rir, mas pelo visto você não é de rir muito...
-Não gasto sorrisos com gente que não vale a pena. – eu respondi seca.
Eu não costumava agir como uma megera desse jeito, ainda mais com homens bonitos como ele. Mas depois que saí machucada com a minha relação com o Wilmer, eu me vi na necessidade de criar certa independência e me manter bem distante de relacionamentos. Especialmente de conquistadores de plantão como esse americano. Que se fazem de fofos, sexy’s e carentes de atenção que te colocam num pedestal, para depois de te usar do jeito que quiser e então descartar na hora que achar pertinente.
-Bom, vou ser direto com você, porque já percebi que você vai me dar um fora a cada frase que eu disser. Acho melhor economizar palavras, então.
-Inteligente da sua parte. – eu disse antes de tomar um gole da minha cerveja.
-Você me intriga, é estupidamente sexy e não quero ir embora para os Estados Unidos daqui a alguns dias sem te experimentar na cama. Você está super certa em achar que eu sou um cafajeste, porque eu sou. Gosto de ser sincero, mas pode acreditar em mim, que não você não vai ser arrepender. – ele roubou a garrafa da minha mão, enquanto eu o encarava surpresa com a sua cara de pau. Ele tomou um gole da minha bebida e lambeu os lábios molhados de cerveja. Lábios molhados, carnudos e convidativos.
-Você não tem medo de levar um tapa na cara? – eu perguntei ainda surpresa.
-Pode me bater e me chamar de cachorro que eu vou adorar. – ele abriu um sorriso sem vergonha para mim e tive que fechar a minha boca, para manter o mínimo de dignidade.  Então é assim que se flerta na América?
-E um tiro no meio da sua testa?Você vai adorar também? – eu levantei a minha camisa mostrando o revolver, esperando que ele se assustasse e me deixasse em paz. Ele realmente se assustou no primeiro momento e deu um passo para trás. Depois de alguns segundos eu percebi que a expressão sem vergonha voltou a tomar conta do seu semblante e voltou o seu olhar para o meu rosto.
-Já me meti em encrencas piores, pode acreditar. – ele respondeu confiante e colocou um mexa de cabelo por trás da minha orelha. – Tenho histórico meio pesado de bad girls na minha cama. Pode deixar que isso não vai me deixar acuado por uma noite.
Eu não pude me conter e comecei a rir. Está brincando comigo? –O que eu posso fazer para que você me deixar em paz?
-Diga “eu não quero nada com você” e está tudo certo. Ou você pode topar uma aventura por uma noite comigo e nunca mais me ver. – ele colocou as mãos nos bolsos. –O que você escolhe?
                Me divertir um pouco não faria mal, não é? Além do mais, está bem claro que entre nós que não haverá sentimentos. Ninguém vai machucar ninguém. Aliás, eu tenho todo o direito de tirar proveito disso sem me comportar como uma boba carente no final das contas. E aquele homem... Tinha alguma coisa naquele jeito sem vergonha que o deixava estupidamente sexy...
Não! Ele é um cafajeste! Tire isso da sua cabeça, Demetria.
-Vá pro inferno. – eu disse depois de ficar alguns segundos pensando. Dei as costas para o moreno forte e segui meu caminho até meu carro.
-Você ainda não me respondeu. – ele insistiu me seguindo. Eu mereço!
-Qual é o seu proble... – eu me virei rapidamente para discutir mais uma vez, mas por um breve momento eu esqueci o que falar. O maldito americano estava tão próximo a mim que eu podia sentir o seu corpo escultural irradiar calor.  Ele exalava um perfume caro e de muito bom gosto, que dava um toque ainda mais atraente. De perto pude perceber que os seus olhos eram uma mescla de castanho claro com verde, que fazia uma combinação excelente com a sua pele bronzeada. Eu o queria tanto quanto ele. Ah como eu queria aquele homem!
                Foda-se! Mandei o meu lado racional para o espaço e o puxei pela nuca, aproximando nossas bocas. Eu sei o que quero e não vou me privar mais disso.

                Joe Narrando
                Eu brincava com a corrente de prata entre meus dedos. Enquanto minha mente viajava em especulações, eu observava aquela pulseira personalizada com pingentes. A Demi tinha esquecido no quarto do hotel quando ela foi embora apressadamente. Pra onde ela teve que correr? Porque ela estava tão preocupada em chegar cedo para esse lugar? Por que ela carregava aquela arma?
                Confesso que achei um tanto excitante me arriscar outra vez me envolver com uma “garota problema”.  Ao contrário da Miley, ela não hesitou em mostrar de cara com o que eu estava me metendo. Quer dizer, na hora eu achava isso. Até eu ficar sabendo das ultimas notícias. Alguém daquele bar dopou Miley e a levou para algum lugar estranho e agora está colocando terror via SMS, porque sabe muito mais do que qualquer outra pessoas deveria saber.
                Será que ela está metida nisso? Será que aquela mulher armada e totalmente alheia àquelas pessoas do bar teve um motivo maior para estar ali?
                -Joe, você não vem almoçar? – Nick perguntou entrando no quarto em que eu estava hospedado. Eu acordei dos meus devaneios.  Fechei minha mão para esconder o pequeno acessório como se ele de alguma forma entregasse os meus pensamentos para o meu irmão.
                -Sua comida é horrível, Nick. – eu levantei o meu tronco da cama e me sentei.
                -Nossa, apenas um “não, obrigado” não seria suficiente para você? – ele perguntou debochado, adentrando o quarto. – E por sinal, eu não fiz a comida, para sua sorte. Eu pedi por telefone e chegou agora.
                -Desculpa. – eu respondi rindo. –Vem cá, vocês sempre sobrevivem de comidas de encomenda e dos seus dotes culinários horríveis?
                -Não. – ele respondeu com um sorriso. Não era um sorriso muito sincero, visto que dava para perceber a preocupação ainda nos seus olhos. Meu irmão se sentou ao meu lado.  – Geralmente a Miley que cozinha, mas a gente fez um acordo durante essa semana... Enfim, longa história.
                -Nick. – eu disse num tom de voz diferente, já o deixando claro que partiríamos para um assunto mais sério. Seu olhar se intensificou para mim, esperando seriamente que eu falasse alguma coisa. – O que você está achando disso tudo? Quer dizer... Você contou para outro alguém sobre a Miley?
                Ele entendeu muito bem o que eu quis dizer e o seu semblante se fechou rapidamente. – Eu não contei para ninguém. A única pessoa daqui da Itália que tínhamos certeza que sabia é o Chad, o melhor amigo dela... – ele suspirou com um ar de cansado. – O que eu acho sobre isso? Eu não faço ideia. Eu estou com raiva, com medo e preocupado. Principalmente por ela. Ela está quieta demais desde que recebemos aquela mensagem. Acho que ela está planejando alguma coisa e não quer me contar, mas eu sei também que aquilo significa que ela está assustada. Eu tenho certeza que ela está. Quer dizer, o nosso relacionamento é sustentado por uma corda bamba e a única coisa que o mantém equilibrado é o nosso passado bem escondido por tudo e todos. Se o nosso segredo estiver em ouvidos errados, nós corremos perigo. E... – ele parou por um tempo de falar e puxou o ar com força. – Você deve estar satisfeito com isso, não é?
                -Você sabe que eu não apoio e nem confio na sua namorada por motivos óbvios. Mas eu não sou louco de colocar terror em vocês dois pelo telefone desse jeito. Se de alguma forma ela se encrencar, você também vai se lascar de mesmo jeito. Se eu tivesse planejado alguma coisa, com certeza seria para te provar que ela não presta e para você decidir não ficar mais com ela. Mas terrorismo? Não, eu não estou satisfeito.
-Então se você lembrar de alguém suspeito ou algum acontecimento estranho, por favor, fale para gente, ok? – Nick pediu e eu assenti com a cabeça.
Eu vou ter que procurar essa garota em algum lugar. Tenho que tirar alguma informação dela. Não faço ideia de onde encontrá-la, mas eu vou. 
No dia seguinte...
Miley Narrando
                Já faziam algumas horas que eu aguardava dentro do carro, enquanto observava  a bela casa a minha frente. Pelo que eu consegui perceber, ela aparenta estar vazia. Eu já sabia que a Selena há essa hora estava na faculdade, pois ela tem os mesmo horários que o meu namorado e pelo que vi, os seus pais boa pinta tinham saído há alguns minutos atrás. A casa estava livre. Eu não tenho provas contra aquela garota, mas alguma coisa me diz que tem uma possibilidade muito grande dela ter algum rabo preso nessa confusão. Eu só conseguiria ter certeza da minha tese se eu tivesse em mãos algo que comprovasse os fatos. E é óbvio que vou fazer isso vasculhando o quarto da patricinha.
                Saí do Ashton Martin do Nick e olhei em volta, me certificando que não tinha ninguém em volta de olho em mim. Por minha sorte, a rua estava vazia. Rapidamente, deu um jeito de escalar as grades que estava cobertas por uma camada de hera. Mesmo com uma distancia alta do chão, consegui saltar sem muito estardalhaço e sem me machucar. Corri até a porta de entrada e percebi que estava trancada. Mas ainda bem que deixaram grande janela da sala aberta. Entrei pela janela, mesmo, com o cuidado de não esbarrar em nada que pudesse quebrar. Assim como a visão do lado de fora, a casa por dentro era estonteante. Não era absurdamente luxuosa como a da família Jonas, mas era espaçosa e possui uma decoração de bom gosto.
                Eu sei que não deveria estar aqui e que qualquer um deles poderia estar de volta a qualquer momento, mas eu estava intrigada e nervosa. Eu precisava de descobrir quem foi que me dopou naquela reunião e com que intenção fez isso. E era óbvio que a minha primeira suspeita é a Selena, visto que ela foi a ultima pessoa que eu me lembro de ter tido contato antes que a minha memória daquela noite tenha falhado. Além do mais, tem mulher que é capaz de despejar seu veneno a qualquer custo para conseguir o homem que deseja. E eu sei muito bem que não é de hoje que está de olho no meu Nick.
                Subi para o segundo andar, onde não demorei muito para identificar o seu quarto. O cômodo era decorado com cores alegres e bastantes fotos, inclusive dela com o Nick. Eu rolei os olhos. Nota mental: rasgar todas suas fotos com ele antes de dá o fora da daqui.
                Observei o quarto da Selena só por pouco tempo antes de finalmente vasculhar as suas coisas para encontrar o meu celular. Alguns minutos se passaram e todo o quarto está revirado e nada de encontrar algo suspeito. Droga, ele tem que estar aqui...
                Ouvi movimentação vinda da entrada da casa, no primeiro andar. Eu fechei os olhos sem saber o que fazer com essa bagunça. Merda! Vou ter que vazar o mais rápido possível antes que alguém me veja, mas como vou fazer isso? Reconheci a voz da Selena. Ela estava acompanhada de alguma outra pessoa. Que ótimo, só falta ser um dos pais dela!
                -Será que a Miley veio visitar você e desistiu? – ei, aquela voz era do Nick! O que está fazendo aqui?
                -Não sei, mas para que ela deixaria o carro na frente da minha casa? Além do mais, não acho que ela viria aqui me fazer uma visita sem você por perto, se é que me entende... Ela deixou bem claro para mim naquele dia que ela não vai nem um pouquinho com a minha cara. – Não vou, mesmo! – Bom, eu vou lá no meu quarto pegar o livro que você precisa. Quer vir comigo? – pelo amor que você tem pelo seu pênis, Nicholas, não vá! Fique longe dessa oferecida!
                -Eu estou bem aqui. Eu não pretendo ficar por muito tempo. Joe e Brian ainda estão lá em casa e deixar o Brian sozinho entre o meu irmão e minha namorada é um pouco arriscado... – ele não parecia estar com uma voz muito boa. Eu conhecia bem o meu namorado e pelo seu tom de voz, ele não está bem e está fingindo estar descontraído. Com certeza é por causa da maldita mensagem!
                Ouvi a risada simpática de Selena. –Tudo bem... Vou lá pegar o livro rapidinho e já volto!
                Merda, merda, merda. Olhei para todos os lados e só vi bagunça. Não tinha como disfarçar. O armário dela estava lotado de roupas e eu não caberia lá para me esconder. O que eu faço?
                -O que você está fazendo aqui!? – a voz fina da morena soou alta o suficiente para ecoar por toda a casa. –O que você fez com o meu quarto? – ela perguntou horrorizada.
                Quer saber? Já que estou na merda, mesmo...
                -Eu já descobri tudo sobre você! – eu cruzei os braços. – Sei que você me dopou naquela festa. – eu menti. Óbvio que eu desconfiava, mas eu tinha que mostrar certeza para ela confessar algo. – Anda, pode confessar! Por que você fez isso? Foi por causa do meu namorado?
                -NICHOLAS! – Selena gastou a sua voz mais uma vez e em poucos segundos, avistei o Nick correndo ofegante até o quarto, assustado com tanta gritaria.
                -Miley? – ele me encarou confuso e ao mesmo tempo espantado com toda a bagunça que me acompanhava. – O que é isso?

                -Isso a sua namorada vai ter que me explicar. – Selena disse flamejante de raiva enquanto me encarava.